Cientistas descobrem 'Pompeia animal' na
China
Rebecca
Morelle
Repórter
de Ciência da BBC News
Atualizado
em 5 de fevereiro, 2014 - 08:36 (Brasília) 10:36 GMT
Fósseis
de 120 milhões de anos de animais chineses estão em ótimo estado de conservação
Cientistas
dizem ter descoberto sinais de que a erupção de um vulcão chinês há 120 milhões
de anos pode ter matado diversos animais no período Cretáceo.
Eles
teriam sido mortos de forma instantânea, semelhante ao que aconteceu com a
população da cidade romana antiga de Pompeia no ano de 79 d.C., que foi
arrasada por uma erupção do vulcão Vesúvio.
Como os
moradores da cidade, os animais foram envolvidos por cinzas e lava, e foram
petrificados.
O estudo
foi publicado nesta quinta-feira pela revista científica Nature.
Mistério
O leito
de fósseis de 120 milhões de anos na província de Liaoning, no nordeste da
China, sempre tem sido um mistério para os cientistas. O lugar é repleto de
fósseis em ótimas condições de preservação.
Um grupo
bastante eclético de animais foi desenterrado ali, entre eles, os primeiros
dinossauros com penas, algumas das primeiras espécies de mamíferos, pássaros,
peixes e insetos.
"Há
anos que cientistas têm curiosidade para saber como esses animais foram mortos
e ficaram excepcionalmente bem preservados", disse o pesquisador Baoyu
Jiang, na universidade de Nanjing.
E agora,
pela primeira vez, os cientistas dizem ter sinais mais concretos de que a
erupção de um vulcão possa ter sido a causa da morte dos animais.
A
floresta de árvores coníferas cercada por lagos – onde esses animais viviam –
era cercada de vulcões, e os pesquisadores acreditam que explosões soltaram no
ar uma mistura de gás, cinzas e rochas – conhecida como fluxo piroclástico.
Como as
pessoas que viviam em Pompeia, várias criaturas foram mortas instantaneamente e
em seguida cobertas por uma densa camada de cinzas.
Os
animais foram petrificados em pleno movimento, com músculos flexionados e a
espinha estendida. Eles foram todos encontrados no mesmo local. Para os
cientistas, a força das explosões empurrou os corpos para um mesmo lugar.
"Todos
os fósseis estudados estão presos dentro de fluxos piroclásticos", diz
Jiang. Ele afirma que alguns fósseis possuem os mesmos sinais de queimadura
encontrado na população de Pompeia.
Os
pesquisadores dizem que outras camadas encontradas no leito de fósseis indicam
que várias erupções ocorreram no período Cretáceo.
Para o
paleontólogo Mike Benton, da universidade de Bristol, o trabalho de Jiang
"confirma e esclarece o que suspeitávamos há anos".
"Mas
os autores dão um passo além e sugerem que todos os animais foram mortos,
transportados e excepcionalmente preservados pelos fluxos piroclásticos."
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