Pista de skate para mulheres

Pista de skate em São Bernardo retoma horário exclusivo para mulheres

Ação que estava suspensa desde janeiro, voltou às terças-feiras

Publicado em 04/11/2013 09:40 

Além de ajudar iniciantes, horário feminino também abriga campeãs como Renata Paschini - Foto: arquivo pessoal

ANDRESSA SARTORI

STHÉPHANIE THOMAZINI

Especial para o RROnline*

A pista de skate do Parque da Juventude Citá di Maróstica, em São Bernardo, volta a ser exclusiva para mulheres às terças-feiras, das 18h às 21h30. O crescente número de garotas na prática do esporte e a procura por mais espaço dentro da modalidade foram os motivadores para que o projeto pudesse ser retomado, em agosto, após oito meses de espera. A frequência de garotas que buscaram essa oportunidade para desenvolver maior habilidade no skate subiu de 20 para 60 meninas a cada terça feira.

“Os meninos não dão espaço para as mulheres andarem, atropelam, e isso, para as skatistas iniciantes que não tem muita destreza, acaba se tornando uma grande desvantagem”, comenta Renata Paschini de 40 anos, presidente da Associação Feminina de Skate que já pratica o esporte há 27 anos.

Durante o horário, a pista pode ser utilizada por skatistas de qualquer nível. Essa é uma forma de fazer com que as iniciantes vençam a timidez, consigam evoluir nas manobras e explorem todos os obstáculos da pista, evitando colisões mais brutas.

Veja aqui como as skatistas aproveitam o horário exclusivo na pista do ABC

Ouça o áudio e veja o vídeo em Pista de skate de são Bernardo tem horário exclusivo para mulheres. 

“As meninas têm vergonha de andar na frente dos outros e o horário feminino estimula quem está começando”, conta Karen Jonz de 27 anos, uma das principais representantes do skate feminino brasileiro e campeã mundial de vertical nos X-Games deste ano, em Barcelona. De acordo com dados do Datafolha, no Brasil existiam mais de quatro milhões de skatistas em 2010. Desse total, cerca de 400 mil eram mulheres.

Quando foi criado pela primeira vez, em 2010, o horário feminino não teve boa aceitação na pista do ABC, principalmente por parte dos homens que já estavam acostumados a ter um domínio exclusivo do local. Renata conta que a associação enfrentou algumas adversidades. “Quando dava o nosso horário, os homens desciam para a pista correndo, atropelando a gente. Tinha brigas constantes reclamando da nossa exclusividade e, então, no começo desse ano, a administração achou melhor tirar o horário feminino”, afirma.

Skatistas contam como enfrentam o preconceito no dia a dia desse esporte; ouça na reportagem abaixo

A iniciativa de reservar um horário somente para as mulheres na pista de skate de São Bernardo veio de uma parceria entre a AFSK (Associação Feminina de Skate), a Cajuv (Coordenadoria de Ações para Juventude) e a prefeitura de São Bernardo. O projeto ainda teve apoio da CBSK (Confederação Brasileira de Skate).

A ASFK é uma organização não governamental que tem como finalidade divulgar o skate feminino e trazer mais adeptas para o esporte. ”A gente faz encontros, aulas como as oficinas, campeonatos para tentar atrair mais meninas para o esporte”, afirma Renata.

Mulheres no skate

Em 1970, já existia skate feminino nos EUA, com maior participação das skate girls, como são chamadas as atletas desta modalidade. No Brasil, em 1980, o skate feminino era representado por Leni Cobra, Mirinha e Mônica Polistchuck, que participavam de campeonatos junto com os garotos. Mas pela falta de apoio e incentivo, elas acabaram não seguindo carreira.  Somente em 1995 a categoria para mulheres voltou a ser competida.

O skate entra na vida feminina principalmente quando há uma influência e apoio das pessoas, em grande parte da família. Uma excelente prova disso é a multicampeã Karen Jonz. “Tive muita influência do meu pai que é surfista. Ele sempre pirou em me ver andando e por isso sempre me incentivou”, conta a skatista.

Curiosidades

- O skate surgiu no fim dos anos 50, na Califórnia

- Foi idealizado pelos surfistas que gostariam de ter uma expansão das pranchas nas ruas quando o mar não estivesse muito bom

- Nos anos 80, surgiu o estilo street , que consiste em usar obstáculos da rua como objeto de manobra, por exemplo, escadas e corrimãos. Foi nessa época também que as mulheres começaram a entrar no esporte

- O skate consolidou-se totalmente no país apenas na década de 90 com o sucesso de atletas brasileiros no Circuito Mundial

- Em 1995, foi criado o X-Games, principal competição envolvendo o skate e outros esportes radicais. No mesmo ano, aconteceram as primeiras vitórias de atletas nacionais em etapas do Circuito Mundial: Bob Burnquist, no Canadá, e Digo Menezes, na Alemanha

- Além disso, foi em 1995 que surgiu a primeira competição feminina em São Paulo

*Com informações de Carolina Algaves, Leticia Campos, Marylha Maieru e Yasmin Ayache

*Esta reportagem foi produzida por alunos do curso de Jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo