segunda-feira, 23 de junho de 2014

Reflexão sobre o suicídio de Getúlio Vargas

Vargas: “Saio da vida para entrar na história”


Por Leticia Cristina Souza Campos*

1   Em 1951, Getúlio Vargas assumia a presidência do Brasil pela segunda vez de forma democrática e por aclamação popular. Anteriormente, havia governado o país por quinze anos, sendo uma boa parte dele, entre 1937 a 1945, de forma ditatorial e repressora. No entanto,  este mandato que deveria durar cinco anos, encurtou-se para apenas quatro, pois o ex-presidente tirou a própria vida em um ato considerado por muitos, de caráter político.  Passados 60 anos, poucos sabem as razões que levaram, ou colaboraram para o trágico fim de Vargas. Qual era a situação política e econômica do Brasil durante o período? Por que setores da sociedade como a Marinha e a Aeronáutica deixaram de apoiar o presidente? Quem eram os principais opositores de Vargas? Qual a relação do atentado na Rua Toneleros ao início da crise do governo? O que levou Vargas a tirar a própria vida?
2.       Antecedentes do segundo governo de Vargas: General Eurico Gaspar Dutra
Para que entendamos melhor o segundo governo de Vargas, é preciso compreender seu antecessor, o General Eurico Gaspar Dutra, que governou o país entre 1946 a 1951. Dutra é eleito presidente com 55% dos votos válidos, com apoio de Vargas, depois do mesmo ter sido deposto da presidência em 1945, depois de 15 anos de ditadura, o Estado Novo. Dutra era ministro da guerra no governo de Vargas, apoiado pelo PSD (Partido Social Democrático), e pelo Partido Trabalhista Brasileiro, o PTB. Disputou as eleições com o Brigadeiro Eduardo Gomes, pela UDN (União Democrática Nacional), e com Yedo Fiúza candidato do Partido Comunista Brasileiro, o PCB. Mesmo com a eleição de Dutra, Getúlio Vargas não se afasta da política, já que acabou elegendo-se senador da República.
A Constituição Brasileira estava corroída, desgastada pelo longo período da ditadura varguista. Foram duas, que ele mesmo afirmava “ter rasgado”. Agora, uma nova constituinte se formava para que os rumos do país pudessem novamente respirar ares de democracia. Dentre os principais aspectos da Constituição de 1946, destacam-se:
·         Mandato presidencial de cinco anos;
·         Autonomia das unidades federativas, com possibilidade de intervenção federal;
·         Restabelece o regime presidencialista;
·         Autonomia e independência das instâncias dos três poderes;
·         Incorporação da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), elaborada por Vargas no governo anterior.
Esses pontos foram importantes para que atendessem as necessidades tanto dos grupos dominantes, quanto dos sindicatos e trabalhadores. Porém, o início do governo de Dutra foi marcado por grandes turbulências, principalmente trabalhistas. Diversos sindicatos foram fechados, e o Partido Comunista Brasileiro, cai na ilegalidade, e os deputados comunistas tiveram seus mandatos cassados. Muito se deve à forte presença dos Estados Unidos e da União Soviética no pós Segunda Guerra Mundial. O crescimento das forças bilaterais dividia o mundo, as ideologias. De um lado, os Estados Unidos comandavam o capitalismo ocidental, e procurava frear de todas as maneiras o avanço da ideologia comunista. O ambiente da Guerra Fria estava sendo desenhado. O Brasil deveria assumir uma postura. Dutra assina diversos acordos financeiros com os Estados Unidos, e libera a importação de mercadorias, levando ao esgotamento das divisas brasileiras, fazendo-o rever sua postura no fim do mandato, restringindo algumas importações, fomentando a economia interna da nação. Para isso, elaborou o Plano SALTE em 1950, voltado para a saúde, alimentação, transporte e energia. Foi construída a rodovia que liga São Paulo ao Rio de Janeiro, que leva seu nome, e iniciou-se a construção da rodovia Rio-Bahia. O ensino de baixa qualidade coloca o país entre os que têm a maior quantidade de analfabetos do mundo, então Dutra fomenta a alfabetização de adultos. A industrialização cresce nas cidades, principalmente em São Paulo, atraindo milhares de pessoas para as áreas urbanas, gerando graves problemas de moradia e infraestrutura urbana. Pelo baixo aproveitamento do Plano SALTE, foi abandonado no ano seguinte durante o governo de Vargas.
O endividamento externo, o desemprego, o desaquecimento econômico, encerra melancolicamente o governo Dutra.

3.       Getúlio Vargas – 1951 a 1954 – contexto histórico

Conhecido por governar o país de forma populista, Getúlio Vargas trabalhava com o equilíbrio de interesses entre as classes mesmo fossem divergentes umas das outras. Assim, Getúlio Vargas assume o poder em 1951 depois de ser deposto em 1945. Disputou a eleição com o Brigadeiro Eduardo Gomes candidato da UDN; Cristiano Machado, pelo PSD; e João Mangabeira, do PSB (Partido Social Brasileiro). Vargas é eleito com 48,7% dos votos válidos, legitimando sua importância política para o país.
Com a nova Constituição Federal promulgada em 1946, no governo anterior, esse mandato de Vargas é conhecido pelo caráter democrático. O presidente, outrora repressor e ditador não queria “rasgar” novamente uma Constituição, mesmo sendo obcecado por poder. Hábil articulador, conseguia “costurar” alianças entre grupos divergentes, tirar da oposição seus inimigos, e atender aos interesses de quem o procurava.
Logo em 1951, o Plano SALTE de Dutra é abandonado, e em seu lugar é criado o Plano Lafer (Plano Nacional de Reaparelhamento Econômico), que visava fomentar os investimentos na otimização dos serviços públicos, como telecomunicações, energia e transportes, além de potencializar a indústria de base. Também como uma das primeiras medidas de Vargas estava o combate às remessas de lucros das empresas estrangeiras instaladas no Brasil. Para o governo era inconcebível que uma empresa enviasse cerca de 90% de seus lucros para o país sede, e não retornasse quase nada em investimentos para o Brasil. O Brasil era considerado uma “vedete” do mercado internacional.
Mantendo a linha de político populista, Getúlio busca nos trabalhadores o apoio que precisa para governar, já que ele não conseguira a maioria da bancada no Congresso Nacional. Os feitos de seu governo anterior tornam-se a bandeira hasteada para que houvesse o necessário de governabilidade. A leis trabalhistas e a flexibilização das ações dos movimentos sindicais ajudaram muito. Também, a nomeação de João Goulart como Ministro do Trabalho do PSD, partido de oposição ao governo, mostrou o interesse Vargas em compor politicamente seu novo estilo de governar. Detalhe: Vargas autorizou Goulart a aumentar em 100% o salário mínimo. Obviamente, os trabalhadores ovacionaram a atitude, porém deu mostras claras de quanto a economia brasileira passava por profunda crise inflacionária.
Por causa disso, acabou atraindo outros segmentos que eram antigamente oposição, como setores da burguesia, sindicatos de esquerda, o próprio Partido Comunista Brasileiro, e parte do Exército Brasileiro. Mas a UDN, liderada pelo Brigadeiro Eduardo Gomes, a Marinha, tinham no jornalista Carlos Lacerda, proprietário do jornal Tribuna da Imprensa seus maiores opositores. Pregavam e denunciavam abertamente casos de corrupção na administração federal, os desmandos do presidente, e pediam a destituição de Vargas do poder. Forma-se então uma onda antigetulista no país, tentando associar o novo governo ao Estado Novo.
Podemos dizer que o fim do getulismo no Brasil começou no dia 05 de agosto de 1954. O episódio conhecido como o Crime da Rua Toneleros caracterizou-se na tentativa de assassinar Carlos Lacerda. Porém, quem acabou morrendo foi o seu guarda-costa, o Major-aviador Rubens Vaz. Carlos Lacerda escapou com ferimentos leves. O guarda municipal Sávio Romero, depois de ser atingido por um tiro na perna e cair, consegue anotar a placa do táxi estacionado na praça próximo à casa de Lacerda. Foi o início da investigação que levaria a Alcino João do Nascimento, Crimério de Almeida, Nelson Raimundo de Souza, membros da guarda pessoal de Getúlio. Mas o suficiente para que se organizassem uma rede opositora à Vargas, acusado de ter planejado e mandado executar o crime. O atentado ganhou as manchetes de todos os jornais brasileiros. A Tribuna da Imprensa torna-se a porta-voz da mídia contra o presidente. A UDN tem à frente o Brigadeiro Eduardo Gomes, que, junto com Lacerda, buscam no Congresso Nacional apoio para forçar o presidente a renunciar, e convocar novas eleições. Instalou-se o clima de tensão interna e externa no governo.
Nas investigações do atentado descobriu-se que pessoas ligadas à guarda pessoal do presidente estavam envolvidos diretamente no crime aumentando as manifestações nas ruas, na imprensa para a saída de Getúlio. Em todo momento, o presidente declarava-se inocente das acusações. Um manifesto assinado por 30 militares da Marinha e da Aeronáutica pelo Marechal Mascarenhas de Morais dizia que a única saída para que se evitasse uma guerra, seria a renúncia do presidente. Mesmo com a insistência de membros do alto escalão do governo, do vice-presidente Café Filho, e de sua família terem orientado à renúncia, Getúlio dizia-se inocente das acusações, e prefere cumprir a Constituição e averiguado os fatos, e punirem os culpados pelo crime na Rua Toneleros. Mais do que ninguém, Vargas queria essa investigação. Afinal, o Major Vaz era amigo pessoal do presidente, muito jovem, e oficial promissor. Certamente, sentiu-se abalado internamente por saber que pessoas ligadas diretamente a ele tomariam decisões sem sua anuência. Alzira Vargas, filha de Getúlio, em depoimento afirma que o pai estava consternado em saber que o chefe de sua guarda pessoal Gregório Fortunato, de sua extrema confiança estava envolvido. Vargas deu à oposição o material que precisava para denegrir sua imagem pública. Certamente, Getulio Vargas seria deposto, e com violência. Barricadas foram instaladas do lado de fora do Palácio do Catete para impedir a saída do presidente. O clima estava tenso. Getúlio não concordava com os termos do manifesto, e afirmava que só deixaria a presidência da República morto. Na madrugada do dia 24 de agosto de 1954, Vargas reuniu-se com seu ministério, e anunciou que, pela Constituição Federal poderia licenciar-se por alguns dias até que os fatos contra Lacerda estivessem esclarecidos, passando o poder para o vice-presidente Café Filho interinamente. Este ato de Getúlio repercutiu na oposição como a assinatura de uma renúncia. Os opositores comemoraram a vitória. Contudo, Vargas recolhe-se em seus aposentos, veste seu pijama listrado branco e vermelho com suas iniciais bordadas ao lado esquerdo, e com um tiro no peito põe fim à sua vida, encerrando um período que conhecemos como a Era Vargas.
O suicídio de Vargas toma a sociedade de surpresa. Todos pensavam que o licenciamento do presidente acalmariam os ânimos. E o jogo muda de lado. A população enfurecida sai às ruas acusando as forças armadas, e principalmente Carlos Lacerda e a UDN de serem os responsáveis pela morte do “presidente do povo”. Lacerda teve que sair do país temendo ações populares de represália. A carta-testamento deixada por Vargas escrita à mão e a outra datilografada, deixam clara o descontentamento dele com as ações do governo, às traições internas, à presença dos Estados Unidos na economia e na política do país. A saída radical de Getúlio retarda o golpe militar que seria dado 10 anos mais tarde pelos mesmos políticos que tentaram tirá-lo do poder.

4.       Cenário externo e interno.

A industrialização no Brasil não estava completa e ainda caminhava para maior desenvolvimento e modernização. Destacou-se durante esse mandato o crescente aumento e desenvolvimento das indústrias no país. Vargas era um estatizador. As empresas de infraestrutura, matéria-prima, e na indústria de base estavam nas mãos do governo. A Companhia Siderúrgica Nacional – CSN, a Fábrica Nacional de Motores – FENEME, a Companhia Vale do Rio Doce, além da Companhia Hidroelétrica do São Francisco – CHESF, a Petrobrás, dentre outras, davam a Vargas poderio político de controle econômico sem precedentes. Tanto que é considerado pelos historiadores como o “Pai da Indústria”, responsável pela “Revolução Industrial Brasileira”, que apesar de tardia, impactou a economia, gerou empregos, e colocou o Brasil entre os países subdesenvolvidos em industrialização.
O início da década de 1940 foi marcado pela forte presença do capital estrangeiro em solo brasileiro. Neste ponto, Vargas não pode ser considerado como um presidente inteiramente nacionalista e que não aceitava o dinheiro estrangeiro aqui. Ao contrário, o presidente permitia os recursos e investimentos estrangeiros no Brasil. A posição confusa de Vargas muitas vezes mostrava certa incoerência nas suas decisões. Há historiadores que atribuem a Vargas que ele tinha um projeto de desenvolvimento do Brasil com capital nacional aliando trabalhadores e industriais. Vargas era contrário que os recursos naturais brasileiros fossem explorados por empresas estrangeiras, como acontecia na Argentina com a exploração do petróleo pela Repsol. Assim, o setor energético passa a ser vital nesse segundo governo de Vargas. O controle nacional da exploração do petróleo e do carvão mineral, além da produção de energia elétrica pela Eletrobrás é decisivo para o projeto de Vargas fomentar a entrada de capital externo no Brasil.
A criação da Comissão Mista Brasil-Estados Unidos (CMBEU) foi importante para discutir aspectos relevantes no que tange à participação do Brasil no contexto geopolítico internacional. Os termos do acordo da CMBEU giravam em torno da questão energética. Sem dúvida, os Estados Unidos queria apoio na guerra fria, e principalmente na guerra da Coreia, também o livre acesso à exploração do petróleo e de minerais para produção de armas nucleares. Neste cenário de participação estrangeira no Brasil, diversas manifestações e movimentos nacionalistas surgiram. Em 1951 organiza-se o movimento de nacionalização do petróleo, sob o lema de “O petróleo é nosso”, contra um plano de excessivo investimento do dinheiro dos EUA no Brasil. O governo, embora bastante pressionado pelos movimentos militares e populares, institui apenas em 1953 o monopólio estatal do petróleo brasileiro com a criação da Petrobrás. Cria também o Plano Nacional do Carvão.
A atitude do governo brasileiro de nacionalização do petróleo não agradou aos Estados Unidos. Em meio ao forte momento da guerra fria uma atitude nacionalista de “caráter comunista”. Temendo maior nacionalização e a implantação de um governo comunista no Brasil, território que era de grande interesse político, econômico, cultural e mercadológico os EUA começaram a pressionar Getúlio Vargas. A recusa de Vargas em participar da Guerra da Coreia (1950-1953) em apoio aos estadunidenses aumentou a crise externa entre os dois países. Isso criou um mal-estar entre os dois países. A primeira ação foi o corte unilateral assinado pelo presidente dos Estados Unidos Eisenhower de ajuda econômica ao Brasil, acordo assinado em 1951, no governo Vargas pela Comissão Mista Brasil-Estados Unidos (CMBEU), de US$ 400 milhões para U$ 180 milhões reduzindo os investimentos no país. Depois, desestabilizam o preço do café no mercado internacional. Getúlio Vargas notadamente adota uma postura independente na política externa. Contudo, o Brasil não poderia ter o luxo de perder investimentos. Afinal, a nossa indústria estava em fase de consolidação. Contudo, a crise cambial se agravou, e a CMBEU extinguiu-se.
A década de 1950 caracteriza-se pela internacionalização do capital. Os preços do café já não eram mais atrativos com o aumento da concorrência do café colombiano e africano. Nosso país precisava encontrar uma solução para o equilíbrio da produção entre as indústrias de base, pesada, de bens de consumo. Passamos praticamente a primeira metade do século XX estruturando a indústria brasileira de base. Éramos um país produto de bens de consumo perecíveis apenas, e grande importado de bens duráveis e semi-duráveis. Importávamos bens de capital, e matéria-prima elaborada. Ou seja, o parque industrial brasileiro era fraco e pouco diversificado. A crise de 1929 apontou para o início da organização da industrialização brasileira. Por meio de Vargas, as empresas de infraestrutura e as indústrias de base citadas anteriormente ganharam corpo e se firmaram no país. O investimento na criação de rodovias e ferrovias integrou as áreas mais remotas do país durante o Estado Novo de Vargas, bem como a quebra das barreiras de fronteiras nas unidades federativas que permitiram a livre circulação de mercadorias dentro da nação. Por isso, preocupado no desenvolvimento regional, no governo democrático cria o BNDE (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico) e a SPVEA (Superintendência do Plano de Valorização da Amazônia).
Na década de 1950 a propagação da cultura estadunidense invadia o mundo capitalista ocidental. O American Way of Life, ou estilo de vida americano, difundia a cultura do “Tio Sam”. O Brasil também importava essa cultura. Os eletrodomésticos, carros, a casa própria, a família de “comercial de margarina” davam a tônica de como o mundo deveria se comportar diante do consumo. Aliás, consumo e consumismo eram as palavras de ordem dentro do universo capitalista. As disparidades entre as regiões nacionais, e dentro dos grandes centros urbanos, afunilavam para uma pequena fatia da elite brasileira que se permitia tal aventura. Disparidades essas que cada vez mais se acentuavam nas cidades, principalmente aquelas que recebiam novas plantas industriais como era o caso de São Paulo. Investimentos em saneamento básico, iluminação pública, pavimentação de ruas, moradias, tornavam-se bandeira de luta dos movimentos trabalhistas. A carestia, a fome, e o aumento da pobreza, aumentavam ainda mais as desigualdades sociais.
Contudo, a América Latina entrava na pauta dos Estados Unidos apenas como fornecedora de matéria-prima, e fundamentava sua presença no treinamento militar, fornecimento de armas, e ajuda financeira para que mantivessem o controle. Afinal, era muito prático: países próximos de governos manipuláveis, parque industrial fraco, alto grau de importação de bens industrializados. Era apenas uma questão de manter sob controle evitando a expansão do comunismo soviético por aqui. O foco dos estadunidenses era, por questão de segurança internacional, reconstruir a Europa e o Japão para evitar a perda hegemonia capitalista mundial.

* Jornalista graduada na Universidade Metodista de São Paulo

Indústria Brasileira - apresentação de slides

Segue a apresentação de slides sobre a indústria brasileira...

Indústria Brasileira

Artigo - Crise na Síria

Revival da Guerra Fria – A crise na Síria
Crise na síria reacende antigos interesses políticos, econômicos e militares no estratégico Oriente Médio, e traz a experiência da tensão dos tempos de Guerra Fria.

Por Leticia Campos*

Em 1602, aportaram na costa leste da América do Norte, ingleses puritanos, expulsos de suas terras durante a eclosão da reforma Protestante ocorrida na Europa. Proibidos de voltarem à sua terra natal sob o jugo da prisão por heresia em meio à Santa Inquisição Católica, ficaram, e estabeleceram no novo mundo a Nova Inglaterra. Com mentalidade capitalista, povoaram, e reinvestiram na nova colônia.
As famílias estabelecidas colonizaram, e desenvolveram as novas terras, reinvestindo na colônia o fruto da exploração das terras. As Treze Colônias deram origem aos Estados Unidos da América, pais com cerca de 280 milhões de habitantes, fronteiras com os dois maiores oceanos do mundo, e pioneiros em democracia, presidencialismo. Foi lá, naquela erma costa leste que os ingleses foram expulsos na tentativa de estabelecer o pacto colonial. A independência das Treze Colônias abriu espaço para a primeira democracia das Américas, criou uma constituição liberal que inspirou a Revolução Francesa, e alavancou a conquista do oeste, expandindo suas fronteiras até o Pacífico. Sem dúvida o 4 de julho, data comemorativa da independência das Treze Colônias, é extremamente festivo, patriótico, e o maior marketing dos estadunidenses.
Desde a independência, os Estados Unidos figurou como um importante ícone que influencia o mundo ocidental até hoje. Todos, absolutamente todos os presidentes que passaram pela liderança do país estiveram de alguma forma envolvidos em algum tipo de guerra que vai além de suas fronteiras territoriais. Conferindo ao pais o título de “xerife” do mundo. Quando da eleição de Bill Clinton, a esperança de que este estigma fosse quebrado ganhou força. Porém, o conflito no Kossovo, arruinou essa esperança. Barack Obama, em seus discursos de campanha, reiterou ações geopolíticas que levou cientistas políticos da comunidade internacional a dizer, que agora, os Estados Unidos teria, enfim, um presidente que não se envolveria em conflitos externos, e daria um passo na unidade mundial em torno da paz, e dos conflitos mundiais.
Assim, podemos dizer que a sociedade estadunidense é uma “sociedade espartana”. Fundamentada e conjurada em função de guerras. Uma sociedade belicosa, cujo gasto militar é estimado em cerca de U$ 4 bi anuais. Mais que o orçamento de países africanos. As guerras movimentam uma economia poderosa. Subsidiar a fabricação de armas, legislações flexíveis quanto ao porte doméstico e comércio de armas, e todo aparato de suporte e apoio gera empregos e renda para milhares de pessoas. Capaz inclusive de tirar um pais de situação de deseconomia. Na história, guerra e crise econômica sempre andaram juntas. E ambas servem para tirar um pais de crise. A Crise de 1929 abalou a economia mundial. Fato. Porém, em 1937 diante da fragmentação dos reinos europeus, e uma onde de ultranacionalismo comandada por nazistas alemães e facistas italianos, mergulhamos na 2ª guerra mundial. Europa destruída, e hegemonia estadunidense, que não fora palco de conflitos contundentes. Entraram na guerra em função do único ataque em suas terras, e não continentais, em Pearl Habor no Havaí. 
A Guerra Fria, apesar de todas as tensões foi fundamental para consolidar a hegemonia econômica e política dos Estados Unidos a nível mundial. Retrato esse tirado na criação do Estado de Israel, em 1948, e acendendo uma grande crise ideológica no Oriente Médio. Em 1991, após o fim da Guerra Fria, acontece a Guerra no Golfo, a primeira transmitida ao vivo pela televisão com imagens infra-vermelho. Uma semana de bombardeios em Bagdá, capital do Iraque, antes da invasão das tropas da ONU avançarem por terra. Nesse momento, “desovar” os mísseis e ogivas Tomawak, e boa parte do arsenal acumulado na Guerra Fria eram um ótimo negócio. Consolidava ainda mais a presença dos estadunidenses em solo da Ásia Menor, gerava mais tensões locais, permitindo que russos fornecessem também suas armas acumuladas em tempos de guerra fria.
A Guerra do Golfo era dispensável, mas, para o momento, oportuno para a economia agora começando a ser globalizada. Da mesma forma, após os ataques de 11 de setembro de 2001 às torres gêmeas do World Trade Center gera uma nova onda de nacionalismo exacerbado. Invasão do Afeganistão em 2001, na caçada a Osama Bin Laden, líder do grupo terrorista Al-Qaeda, responsável pelo ataque, tornou-se ponto de honra. Vergonha. A briga de gato e rato acaba frustrada, numa das ações mais estúpidas tomadas por George Walker Bush, presidente dos Estados Unido à época. 
Interessante é que a popularidade de Bush que disputava sua reeleição na ocasião era muito baixa. A guerra no Afeganistão e depois no Iraque alavancou as pesquisas eleitorais e culminou na sua espantosa reeleição após um governo bagunçado e problemático. Em 2003, sem achar Bin Laden, avançam sobre território iraquiano, com a justificativa de que Sadam Hussein escondia armas químicas de destruição em massa, e de tabela dava refúgio a Bin Laden. Uma guerra sem vencedores, frustrada, vergonhosa. Serviu apenas para acirrar as intransigências entre ocidente e oriente dar baixa de morte a milhares de jovens norte-americanos, estruturar as guerrilhas e grupos terroristas, dar créditos ao fundamentalismo islâmico. Mas alavancou novamente a economia ocidental que paramentou toda a estrutura de guerra. Desde 2008, a economia estadunidense vem passando por grande crise. Especula-se entre os economistas e cientistas políticos a possível moratória. Isso geraria um grande efeito dominó afetando as economias de todo mundo, inclusive a brasileira, que vem aos trancos tentando superar esse momento. Será que um conflito na Síria seria interessante para movimentar a economia do país e tirá-lo da crise? Há quem diga que sim. Uma guerra é sempre vantajosa e lucrativa. Mas são apenas teorias da conspiração. Nada comprovado de fato.
Mas, como é uma vitrine, os Estados Unidos deveria dar o primeiro passo. Obama prometeu retirar as tropas do Iraque após desastrada incursão em 2003, desativar a prisão de Guantánamo em Cuba. Promessas realizadas em parte. Finalmente, o mundo veria, enfim, o término de conflitos pós-guerra fria.
Aliás, Huntington reformou o mapa geopolítico mundial após a guerra fria, propondo a tese de “choque de civilizações”. Havia uma grande expectativa mundial que o fim do conflito entre Estados Unidos e União Soviética, reestabeleceria a paz mundial, e o mundo mergulharia numa “onda” de desenvolvimento e tranquilidade. Porém, os conflitos encobertos durante a Guerra Fria começam a aparecer. Divergências ideológicas, jogos de interesse, conflitos étnicos e religiosos começam a “pipocar” no mundo. Ora, não era para existir a paz mundial? Por que então, o mundo assiste a um número tão grande de conflitos espalhados em todos os continentes? São várias identidades culturais do mundo que modelam as coesões, as desintegrações e os conflitos numa Nova Ordem Mundial pós Guerra Fria, em que, Estados se aliam, ou não, em função dos sentimentos de pertencimento civilizacional. Desde o fim da Guerra Fria, maioria das guerras ocorre entre povos e civilizações diferentes - Israel-Palestina, as Guerras do Golfo, a desintegração da Iugoslávia, a instabilidade da Caxemira, a luta pela independência da Chechênia, a até mesmo a presença anglo-americana no Iraque.
O termo "choque de civilizações" está intimamente ligado aos conflitos intrínsecos entre culturas diferentes que afloram no pós-guerra fria, e que se acobertavam com a disputa entre Estados Unidos e União Soviética.
As teorias da conspiração dizem que a ex-URSS precisava “desovar” seu arsenal militar. Para isso, a Russia tinha interesses em abastecer as milícias rebeldes de governos corruptos, fracos, e falidos de países do continente africano, asiático e latino americano. Do outro lado, o interesse dos Estados Unidos em manter na base seu principal aliado – Israel, além do principal negociador, investidor econômico norte-americano fora dos Estados Unidos e maior produtor mundial de petróleo, a Arábia Saudita.
Parece que vivemos uma versão mais moderna de Revival da Guerra Fria. O Oriente Médio virou a “bola da vez”. Petróleo, longas ditaduras (estabelecidas durante a guerra fria para evitar a expansão do comunismo por Edwin MacCarty), gerações desacostumadas com a liberdade, acenderam a chama por um novo tempo.
Em 2011, o governo de Hosny Mubarack no Egito sofre o primeiro golpe. A insurreição da população às ruas pedindo a derrubada do ditador no poder desde 1981, dá início a uma leva de revoltas que se espalharam pelo Oriente Médio e norte da África, pedindo a queda de seus governantes. O movimento conhecido como “Primavera Árabe” marcou a influência das redes sociais na organização destes movimentos, e o basta da população pelos longos anos de domínio de seus ditadores. Além de Mubarak, Zine al Abidine ben Ali, presidente da Tunísia, ditador desde 1987 também cai após pressões populares, além da queda e morte de Muammar Cadafi, presidente da Líbia, no poder durante 42 anos. Em ambos os casos, eram políticos que apoiavam os Estados Unidos, embora Tunísia e Líbia não reconhecessem a autonomia de Israel.
Colhemos os frutos hoje daquilo que fora plantado no passado ao longo da disputa ideológica da Guerra Fria. Vejamos. O Estado de Israel, criado em 1948, teve total apoio dos Estados Unidos. Mais do que justificar a criação de um estado judaico prometido após os anos de holocausto provocado pela 2ª Guerra Mundial, teve seu território privilegiado aos judeus, numa terra outrora conhecida como Palestina. A promessa de criar na Palestina, transformada em Israel, um estado verdadeiramente palestino aos árabes, ficou só na promessa. Os altos investimentos na militarização e desenvolvimento econômico em Israel transformaram o novo território em notório exemplo aos demais países do Oriente Médio, mas fincou as bases militares dos Estados Unidos na região, que tem no petróleo seu maior produto econômico. O estreitamento das relações comerciais com a Arábia Saudita facilitou a expansão da área de influência estadunidense.
Porém acirrou o descontentamento com grupos muçulmanos radicais e fundamentalistas, que vem na presença estadunidense a força de marcação imperialista. A militarização destes grupos durante a Guerra Fria para evitar a invasão das potências hegemônicas da época, fez “criar cobra em casa”. Um dos exemplos mais marcantes foi a invasão soviética no Afeganistão em 1979. Para impedir a invasão dos inimigos, os estadunidenses treinam e municiam o exército Talibã, ultrarradicais muçulmanos, que se estabeleceram no poder e lá ficaram até 2001 quando dos atentados ao World Trade Center, durante a caçada a Osama Bin Laden. Este mesmo, treinado pelo exército norte americano para combater os soviéticos.
Xiitas e Sunitas, os maiores grupos islâmicos, sendo os sunitas responsáveis por mais de 90% dos seguidores do islamismo, divergem entre si, e dentro da perspectiva muçulmana provocam atritos. Dentre as maiores diferenças está na questão da escolha do Califa, principal representante da religião. Para os Xiitas, apenas um muçulmano puro poderia ocupar esse posto. Para os sunitas, qualquer muçulmano poderia estar apto a este cargo. Xiitas defendem estados islâmicos teocráticos puros, gerando fundamentalismo que desencadeia a formação de grupos extremistas e fundamentalistas com o Hezbollah no Líbano, Hammas em Israel, talibã no Afeganistão. Mas o exemplo mais emblemático está no Irão, com a implantação do Estado Teocrático do Irão durante a Revolução Islâmica de 1979 liderada pelo então aiatolá Khomeini.

A vinculação dos atos terrorista mundiais, do acirramento ideológico dentro do mundo islâmico com o Ocidente abre espaço para guerras civis, atraso econômico e baixo desenvolvimento. O Islamismo é a religião que mais cresce percentualmente no mundo, aumentando a cada dia o número de fiéis. O crescimento do Islamismo é explicado por dois fatores: o rápido aumento da natalidade nos países onde a religião é maioria entre a população, e a conversão de novos fiéis. 
O Islã hoje compreende mais de um bilhão de fiéis. Os muçulmanos se estendem de leste a oeste do Senegal, no ocidente africano até as Filipinas, nos limites do Oceano Pacífico e de norte a sul, do Cazaquistão a Tanzânia e Indonésia, nos dois lados do Oceano Pacífico. . 
O mundo muçulmano e mundo árabe são conjuntos geopolíticos e culturais diferentes. Todo o mundo árabe faz parte do mundo muçulmano, pois o islamismo é a religião predominante nos países árabes. O mundo árabe se define pela língua , não pela religião. Nos países árabes existem minorias religiosas.
O mundo muçulmano é maior que o mundo árabe: os países com maior população muçulmana não são árabes: Indonésia, Paquistão, Índia e Bangladesh.
Em geral, os árabes toleravam a cultura dos povos conquistados. Deixavam que os conquistados vivessem com certa liberdade, praticassem sua própria religião e seus costumes. Aos poucos, acabavam convertendo grande parte para o islamismo e absorvendo muitos de seus conhecimentos. As atividades econômicas e culturais do Império Islâmico deixaram marcas profundas, presentes até hoje nos países originados de seus territórios.
Muitas vezes ouvimos dizer que todo ato de violência é terrorismo, mas isso é força de expressão. Nem sempre um ato de violência é terrorista, mesmo quando a vítima é uma personalidade política.
A tentativa de assassinato do presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan, em 1981, é um exemplo de violência sem conotação política. O autor dos disparos, John Hinckley Jr., agiu isoladamente, motivado por questões pessoais. Já o assassinato do premiê israelense Yitzhak Rabin por um extremista judeu, em 1995, este sim, foi um ato terrorista.
O atentado contra Reagan não teve o objetivo de fazer propaganda política ou ideológica, ao passo que a morte de Rabin fazia parte da estratégia política de uma organização radical. O objetivo era interromper o processo de paz no Oriente Médio. De qualquer modo, atentados contra chefes de Estado fazem parte de uma longa história de práticas terroristas mundo afora.
Nessa seara, entra no cenário geopolítico atual a questão da Síria. Vizinha a Israel, não reconhece o estado judaico como autônomo. Seu presidente Bashar al Assad, ditador há mais de uma década no poder envolve-se na polêmica sobre o uso de armas químicas em um atentado contra civis na periferia de Damasco. A comunidade internacional, após perícia dos produtos químicos constatou a presença de gás sarin no sangue das vítimas. O emprego de armas de destruição em massa, em especial de armas químicas não é novidade. Gás mostarda, sarin são usados desde a antiguidade. Suas funções são a paralização do sistema nervoso, e a morte. É uma morte lenta e dolorosa para suas vítimas. O massacre na Síria é considerado pela o mais violento desde os anos 1980.
Criou-se então a discussão de uma possível intervenção militar. Porém, o jogo de interesses estava apenas começando. De um lado, os Estados Unidos defendendo a intervenção militar na Síria, na tentativa de destruir as armas químicas. Do outro, a Rússia que tem interesses econômicos, políticos e militares é o principal apoiador do governo sírio. Russos e estadunidenses revivem então, a tensão da Guerra Fria. Vladmir Putin diz ser contrário à intervenção militar na Síria, deixando no ar o apoio militar de contra ofensiva ao governo sírio. Obama, em discursos que não combinam com sua personalidade, mostra como uma guerra pode ser lucrativa para um país que tenta sair da crise econômica que vive desde 2008. O mundo ocidental, e as potências orientais como Japão e China também perceberam essa intenção e saem em apoio à negociação de paz na região sem guerras.
A ONU, outrora preterida pelo governo Bush durante a Guerra no Iraque, teve papel marcante nesse momento de tensão. Conseguiu reunir os líderes do Conselho de Segurança para discussão e votação sobre a intervenção bélica na Síria. Como do conselho é soberano, e as votações são por unanimidade, prevalece o bom senso. Estados Unidos e Rússia chegaram a um acordo sobre a crise na Síria. Ficou decidido que a OPAQ (Organização para a Proibição de Armas Químicas), vencedora do Prêmio Nobel da Paz em 2013, supervisionaria a redução do arsenal militar químico da Síria, e posterior proibição de produção de novas armas químicas. No texto, além do dispositivo anterior, não deixa claro que tipo de punições a Síria teria em caso do não cumprimento das normativas.
O ataque químico na Síria é sem dúvida uma grande tragédia. Os mil mortos dos subúrbios de Damasco, capital do país, vítimas de armas químicas reacende a discussão sobre a intolerância religiosa, étnica entre um povo, e coloca a sociedade internacional em estado de alerta. Faz aparecer os interesses escusos dos países mais influentes do mundo na região do Oriente Médio. Mexe com as relações internacionais, com disputas de poder político e econômico. Faz antigos aliados em todas as ocasiões como Estados Unidos e Inglaterra, ficarem em lados opostos. O mundo já não é mais tão inocente e influenciável pelos interesses de uma potência mundial. Mostra que o mundo aparentemente amadureceu. Os Estados Unidos continuam com o maior PIB mundial, e a mais influente democracia do mundo. Mas, a crise na Síria deixa claro as novas intenções dos aliados e opositores aos estadunidenses. É fundamental que as tratativas de acordos de paz na região do Oriente Médio continuem incessantemente. Contudo, as diferenças culturais, políticas, econômicas e religiosas são o grande desafio destes novos tempos. A ameaça de um conflito localizado fez as gerações das décadas de 1990 em diante, que estudam a Guerra Fria nos livros de História, terem a experiência de como o jogo geopolítico traz tensão mundial.


*Leticia Campos é graduanda do curso de jornalismo da Universidade Metodista – Campus Rudge Ramos

Resumo - indústria - aula 02

indústria automotiva - 
http://www.vdibrasil.com.br/site/atualidadesvdi/index.php?id=46009

Definição: todo o processo de transformação da matéria-prima.

1)    Tipos de transformação:
a)    Artesanato: transformação manual, utilizando ferramenta simples. O artesão participa de todo o processo de confecção da peça. Portanto, acabam sendo peças únicas, e com todo processo manual. Atividade muito desenvolvida até o fim da Idade Média. Ferreiro, carpinteiro, alfaiate, tecelão, eram profissões valorizadas.
b)    Manufatura: nesse momento acontece a primeira divisão do trabalho. Os artesãos que conseguiam acumular riquezas. Contratam outros artesãos para produzir mais em menos tempo. Utilizam ferramentas simples e manuais, mas o processo produtivo passa a ser dividido em etapas para aumentar a produção. A divisão do trabalho estabelece a relação entre patrão-empregado.
c)    Maquinofatura: é a junção de técnica com ciência. Ficou conhecida como Revolução Industrial, centrada na Inglaterra, maior potência mundial da época. Há a substituição da manufatura pela máquina a vapor. É subdividida em três momentos:
  • 1ª Revolução Industrial (sec XVIII-XIX): marcada pelo uso da máquina a vapor e do uso do carvão mineral como combustível. Assim, as primeiras cidades industriais foram sendo feitas no campo, próximo às minas de carvão. É nesse momento que há grande exploração da mão-de-obra operária. Baixos salários, grande jornadas de trabalho, péssimas condições de vida nas cidades.
  • 2ª Revolução Industrial (segunda metade do sec XIX – primeira metade do século XX): substituição da matriz energética para o petróleo e energia elétrica. Introdução do modelo fordista de produção que consistia em produção em escala, em linha de produção. “Produção de massa, consumo em massa”!
  • 3ª Revolução Industrial (sec XX até os dias de hoje): marcada pelo avanço da tecnologia, da medicina, genética, informática, mecatrônica e robotização.



2)    Fatores locacionais para a instalação de uma indústria:
a)    Mão de obra;
b)    Matéria-prima;
c)    Energia elétrica;
d)    Sistema de transportes;
e)    Malha viária para escoamento de produção;
f)     Mercado consumidor;
g)    Sistema de abastecimento de água e coleta de esgoto;
h)    Capital financeiro;
i)      Infraestrutura urbana;
j)      Telecomunicações;
k)    Incentivos fiscais.

3)    Tipos de Indústria:

a)    Quanto à tecnologia:
Indústria tradicional: utiliza equipamentos sem automação, mecanizada, e com muita mão de obra. Típica de países subdesenvolvidos, ou com parque industrial precário
Indústria Moderna: já utiliza grau de automação maior, alta produtividade, e mão de obra especializada. Porém, com partes da produção com dependência direta de mão de obra. Ex: automobilística.
Indústria de ponta: utiliza alto grau de automação, com recursos avançados de robótica, e mão de obra ultra especializada, pagando altos salários. Ex: informática, aeroespacial.

b)    Quanto ao acabamento:
Indústria de base: transforma a matéria-prima bruta em matéria-prima para as outras etapas da industrialização. Ex: siderúrgicas e petroquímicas
Indústria de bens de capital ou bens de produção: produz os equipamentos e maquinários que serão utilizados para produzir os bens de consumo.
Indústria de bens de consumo: são aquelas que produzem o produto final a ser consumido. É subdividida em:
- Bens duráveis: carros, eletroeletrônicos;
- Bens semi duráveis: roupas e calçados;
- Bens não duráveis: remédios, alimentos, bebidas.

c)    Indústrias sustentáveis
São aquelas que desenvolvem práticas sustentáveis de não agressão ao meio ambiente. Possuem logística para evitar o desperdício de produção, otimizar a produtividade, economizar no consumo de energia e água, tratamento de efluentes líquidos e gasosos, política de recursos humanos humanizada, captação de água de chuva, utilização de água de reuso, redução de uso e desperdício de materiais descartáveis, política de reciclagem de materiais.
Esta é uma tendência muito solicitada no mercado internacional. As indústrias que possuem práticas ambientais corretas recebem certificação ISO 14000, conferindo mais qualidade no produto final.

4) Características da indústria brasileira.

·      Industrialização tardia. Inicia com Getúlio Vargas na década de 1930, com a criação das indústrias de base estatais. (Petrobrás, Companhia Siderúrgica Nacional – CSN, Companhia Vale do Rio Doce - mineração);
·      Concentrada na região sudeste em especial em São Paulo, principalmente em função da riqueza gerada pela economia cafeeira;
·      Na década de 1990 começa o processo de descentralização da indústria, que começa a buscar novas regiões brasileiras como o Nordeste, atraídas pelo crescimento econômico impulsionado pela globalização, e pelos atrativos fiscais. Com isso, a região metropolitana de São Paulo sofre uma drástica desindustrialização, gerando desemprego.

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Resumo da aula - indústria - aula 1


 Setor Secundário - indústria

1) Definição

- Pertence ao setor secundário da atividade econômica. Responsável pela transformação da matéria-prima.

- Existe uma relação direta entre o fomento à industrialização e o crescimento das cidades. Isto porque, à medida que as indústrias chegam ao município, atraem pessoas como mão-de-obra. Estas ocuparão o espaço geográfico, pois precisam de moradia, e terão que usufruir dos serviços públicos, como transporte, segurança, educação, saúde. Porém, a velocidade com que os municípios oferecem esses serviços nunca é compatível com a migração de pessoas ocasionando os diversos problemas urbanos que estudamos, que são crônicos em um país de industrialização recente como o Brasil.

2) Evolução da indústria

- Artesanato: processo produtivo concentrado nas mãos de uma pessoa, que trabalha o produto desde a matéria prima até o produto final e sua comercialização. Utiliza ferramentas simples, baixa tecnologia, e, consequentemente, baixa produtividade. O artesão produz peças únicas e exclusivas. Algumas profissões que atualmente estão em desuso como sapateiro, marceneiro, carpinteiro, ferreiro, ourives, eram, principalmente na Idade Média, as grandes profissões daquela sociedade.

- Manufatura: processo produtivo no qual se aplicam equipamentos mecânicos, de baixa tecnologia, e culminam no aumento da produção. É a evolução do artesanato. Com o advento das "Grandes Navegações" no século XV-XVI  tivemos a acumulação de riqueza de alguns artesãos, que desenvolveram novas técnicas para aumentar a produção, introduzindo no processo produtivo equipamentos manuais que particionavam a produção entre outros artesãos. Temos aí a formação de classes sociais distintas: patrão e empregado. Aprofundam as desigualdades sociais entre ricos e pobres. Mas as pessoas que trabalhavam na produção eram na maioria, artesãos também, então conheciam todo o processo produtivo. Isso desaparece aos poucos na maquinofatura, pois os operários vão fazer somente uma parte da produção, especialistas e reprodutores de movimentos. Não participam do todo.

- Maquinofatura: passa a ser a evolução da manufatura. Esse período entre o século XIX e XX é marcado pela introdução da máquina à vapor no processo produtivo. A máquina a vapor é movida pela queima do carvão mineral, que esquenta caldeiras com água. A força do vapor, como uma panela de pressão, faz as máquinas funcionarem. A Inglaterra foi pioneira na introdução da máquina a vapor nas suas indústrias, principalmente do setor têxtil (tecidos). É um período conhecido como Revolução Industrial (vamos detalhar mais abaixo). Nesse período, a Inglaterra tinha hegemonia (domínio) comercial mundial. Era a maior produtora e exportadora de produtos industrializados. Conseguiu essa façanha graças ao poderio econômico que adquiriu ao longo dos séculos anteriores, que resultaram, durante o período do imperialismo europeu na África e Ásia no século XIX, ter muitas colônias fornecedoras de matéria-prima. A relação da Inglaterra com o Brasil também resultou em vantagens para eles. Nosso ouro, explorado durante o século XVIII, serviu como pagamento de dívidas de Portugal com a Inglaterra, enriquecendo-os ainda mais. A Revolução Industrial é dividida em três momentos:

1ª Revolução Industrial (fim do século XVIII-1ª metade do século XIX)

É marcada pela introdução da máquina a vapor no processo produtivo. Os pioneiros como já vimos foi a Inglaterra. A máquina a vapor permitiu que tivéssemos a produção em escala, ou seja, a produção em grande quantidade. Dessa forma, temos cada vez mais a especialização da mão-de-obra em parte da produção. Essa mão-de-obra era oriunda, na maior parte dos casos, de camponeses que tinham perdido suas terras para industriais explorarem o carvão mineral (combustível usado), ou para criarem ovelha para produzirem lã para a indústria têxtil. O interessante nesse período é a formação de cidades na Europa. As principais cidades europeias de países pioneiros na industrialização tiveram a sua formação no campo. Afinal, era lá que se encontravam as matérias-primas que as indústrias precisavam para a produção. Muitas terras agrícolas foram ocupadas sem muito planejamento, a poluição ambiental aumentou, a infestação de pragas e doenças também, além da diminuição da oferta de alimentos, desencadeando uma crise de fome no continente. 

Como a quantidade de mão-de-obra era abundante, os burgueses (donos dos meios de produção) exploravam os trabalhadores de maneira abusiva. Baixos salários, longas e extenuantes jornadas de trabalho pesado (14h-16h/dia) em condições insalubres de trabalho, exploração do trabalho infantil e feminino, nenhum direito trabalhista. Esse cenário se estendeu por muitos anos.

2ª Revolução Industrial (2ª metade do século XIX e 1ª metade do século XX)

Nesse período, temos a substituição do carvão mineral pelo petróleo como combustíveis para as indústrias. A energia elétrica também é introduzida e potencializa o processo produtivo. Temos aqui a introdução de um novo conceito de produção. Desenvolvido pelo empresário do setor automobilístico Henry Ford, ficou conhecido como "fordismo". Ford acreditava que a produção de carros deveria ser maior, portanto, os custos deveriam cair para que o produto ficasse competitivo o suficiente para as pessoas passarem a ter seus próprios carros. Para ele "produção em massa, consumo em massa". Essa máxima da vida estadunidense se espalhou pelo mundo. De fato, a introdução das linhas de produção diminuíram custos, aumentaram a produção, popularizaram o carro, e os lucros foram astronômicos para os empresários. A linha de produção consistia na divisão do trabalho intenso. Os operários são mais especialistas nas suas funções, e não participam de todo o processo produtivo, apenas de parte dele. São reprodutores de movimentos, gestos e funções (muito bem caracterizado na crítica cinematográfica de Charles Chaplin em "Tempos Modernos"). A exploração do trabalho continua. Mas surgem intelectuais que passam a criticar o capitalismo industrial e sua severa exploração do trabalho. Karl Marx e Friederich Engels, precursores das ideias socialistas, difundem uma sociedade mais justa e igualitária, sem a opressão do capital e sem desigualdade social. Falaremos disso mais tarde ok?!

 3ª Revolução Industrial (2ª metade do século XX até os dias atuais)

Os avanços das tecnologias permitiram melhorar os processos produtivos. Novas técnicas aumentam a produção, refazem relações trabalhistas. Esse período é conhecido como a Revolução Informacional. A tecnologia de produção de dados e informações, da informática, da genética, das telecomunicações, da internet fomentou o encurtamento do tempo-espaço. A Guerra Fria, apesar da tensão que provocava na disputa entre Estados Unidos e União Soviética, proporcionou grande avanço tecnológico que sentimos até hoje. Celular, microondas, internet, satélites, informações, código de barras, transgênicos dentre outros avanços são presentes na nossa vida cotidianamente.


terça-feira, 3 de junho de 2014

Relevo Brasileiro - Resumo da aula

RESUMO DA AULA

FORMAÇÃO DO RELEVO BRASILEIRO

1) CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS:

- RELEVO DE FORMAÇÃO ANTIGA, DE ORIGEM PRÉ - CAMBRIANA, OU SEJA, NO INÍCIO DO ESFRIAMENTO DO PLANETA. POR CAUSA DESSA CARACTERÍSTICA, É UM RELEVO ANTIGO E MUITO DESGASTADO, ORIGINANDO A FORMAÇÃO DE UMA PAISAGEM DE BAIXAS ALTITUDES, CONCENTRADAS NA FAIXA LITORÂNEA. A BASE GEOLÓGICA É FORMADA POR ROCHAS DE ORIGEM MAGMÁTICA, MUITO ANTIGAS E RESISTENTES, COMO O GRANITO.

- NO BRASIL, 64% DO NOSSO RELEVO É FORMADO POR BACIAS SEDIMENTARES, RESULTANTES DO DESGASTE DE PLANALTOS E ROCHAS; 32% É FORMADO POR ESCUDOS CRISTALINOS E DOBRAMENTOS ANTIGOS. APENAS 4% É FORMADO POR PLANÍCIES, CONCENTRADAS NA FAIXA LITORÂNEA, E NOS PRINCIPAIS RIOS BRASILEIROS.

- POR CONTA DE ESTARMOS DISTANTES DA ÁREA DE IMPACTO DA FALHA TECTÔNICA, NOSSO PAÍS NÃO APRESENTA HISTÓRICOS RELEVANTES DE TERREMOTOS.


enseada

falésia

igapó

mar de morro

planície amazônica

planície costeira

planície pantaneira

Brasil físico

divisão do relevo brasileiro

restinga

2) PRINCIPAIS FORMAÇÕES BRASILEIRAS

- PLANALTO ATLÂNTICO-CRISTALINO: FORMADO PRINCIPALMENTE POR ROCHAS CRISTALINAS-MAGMÁTICAS, COMO O GRANITO, ESTENDE-SE DO LITORAL DO RIO GRANDE DO NORTE AO RIO GRANDE DO SUL. NO ESTADO DE SÃO PAULO TEMOS DUAS FORMAÇÕES IMPORTANTES: A SERRA DO MAR, E A SERRA DA MANTIQUEIRA.

- PLANALTO BRASILEIRO: ESTENDE-SE POR PRATICAMENTE TODO O BRASIL CENTRAL.

- PLANÍCIE COSTEIRA: ESTENDE-SE PELA FAIXA LITORÂNEA.

- PLANÍCIE AMAZÔNICA: COMPREENDE AS VÁRZEAS DO RIO AMAZONAS E SEUS AFLUENTES.